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DIFERENÇAS ENTRE ADOÇANTES NATURAIS E ARTIFICIAIS: QUAL É O MELHOR?
17 de abril de 2023
Devido a alta incidência de Diabetes e Obesidade além de Síndrome Metabólica nos dias atuais, precisamos controlar a quantidade de carboidratos de nossa dieta principalmente o açúcar. Difícil né? Pois quem não gosta de açúcar? Por essa razão é importante entender um pouco mais sobre Adoçantes artificiais e naturais
É bom lembrar que adoçantes em geral são produtos formulados para adoçar os alimentos e bebidas, sendo a sacarose (nome técnico dado açúcar comum que consumimos normalmente) a mais comum. Já os adoçantes dietéticos também têm a mesma função, mas não possuem carboidratos simples como a sacarose, e sim os edulcorantes que são produtos naturais ou artificiais, centenas de vezes mais doce que o açúcar comum.
O adoçante dietético foi desenvolvido primeiramente para atender aos diabéticos que não podiam consumir os carboidratos simples da alimentação e precisavam controlar o nível de açúcar no sangue, mas com o tempo, passou a ser usado também no controle de peso, pois todo mundo sabe que o açúcar contribui para o desenvolvimento da obesidade e o adoçante é utilizado para facilitar a redução calórica. Mas lembre-se que os adoçantes dietéticos devem ser consumidos com critério, respeitando as quantidades estabelecidas pelos fabricantes e com a orientação do seu médico ou nutricionista.
Então vamos saber um pouco mais sobre os Edulcorantes ou mais popularmente conhecidos como Adoçantes. Teoricamente são alimentos que conferem sabor doce aos alimentos. Normalmente tem dulçor maior que o açúcar e auxiliam muito quem não pode ou quer diminuir o consumo de açúcar.
*A Legislação brasileira divide os adoçantes em naturais e artificiais, conforme Resolução RDC 3 de 02/01/01:
ADOÇANTES NATURAIS
Os adoçantes naturais podem proporcionar benefícios nutricionais no lugar do açúcar refinado. Esses adoçantes tem poucas calorias, teor baixo de frutose e o sabor é muito parecido com o açúcar. Veja os que estão disponíveis no mercado.
XILITOL
Polióis são carboidratos, mas não são açúcares. Ou seja adoçam sem ser açúcar. O adoçante Xilitol faz parte desta família e tem mostrado muitos benefícios na saúde como na prevenção de cáries, e auxilia no controle do peso. Como ele não depende de insulina para ser metabolizado pelo organismo, também ajuda no controle do Diabetes. Teoricamente tem o poder adoçante igual ao do açúcar, mas com o é muito leve, acaba sendo menos calórico se comparados em medida de gramas entre eles.
Ele tem sabor muito agradável sem sabor residual, deixando um sabor leve de menta refrescante e funciona muito bem tanto no fogo quanto no forno. Atua muito bem em bolos, doces e sobremesas em geral. Mas não faz calda caramelada. Uma das dicas é adicionar canela em pó ou mesmo fazer a calda com um pouco de ameixa seca para dar cor. Mas lembre-se que esta classe de adoçantes se consumido em excesso pode causar efeitos gastrointestinais como diarreia e gases.
ERITRITOL
Também é um Poliol muito encontrado na natureza, em frutas, como: melão, uvas e peras. Tem dulçor de 70% quando comparado ao açúcar e também possui efeito refrescante, não altera os níveis de glicose e insulina do sangue pois possui zero índice glicêmico, sendo bom para os diabéticos.
Normalmente é bem tolerado pelo organismo pois é rapidamente absorvido no intestino delgado e não dá tempo de fermentar. Então, geralmente não provoca gases e não atua como laxante.
STEVIA
É extraída das folhas da planta Stevia rebaudiana, da América do Sul, onde são encontrados muitos compostos como os Esteviosideo e Rebaudiosídeo A . É bem mais doce que o açúcar (300 vezes) e sem calorias. Por isso é utilizada em uma quantidade menor. Existem cerca de 11 glicosídeos na folha de Stevia. Cada glicosídeo apresenta um perfil de sabor diferente, sendo o Rebaudiosídeo A o mais parecido com o açúcar. Com os anos os adoçantes a base de Stevia melhoraram o sabor, devido a mescla entre estes glicosídeos e as técnicas de filtração. Assim perderam muito o sabor residual de antigamente que ficava na boca e não era tão agradável. É uma boa alternativa para os diabéticos e hipertensos.
FRUTOSE
Muita gente pensa que a Frutose, por ser um adoçante natural presente em praticamente todas as frutas, pode ser consumido por diabéticos. Então vamos entender. Têm a característica de entrar mais lentamente na corrente sanguínea do que o açúcar comum, sem necessitar da presença de insulina num primeiro estágio. Assim, faz com que se evite picos de altos e baixos no teor de açúcar no sangue. Mas apesar disso, em excesso poderia provocar produção de glicose aumentando a glicemia. Assim, os diabéticos devem consultar sempre seu médico ou nutricionista para poder consumi-lo. Apesar de ter o mesmo teor calórico do açúcar, 4 kcal por grama, tem o poder adoçante 50% maior que o açúcar, reduzindo assim o consumo de calorias. Não tem sabor residual e suporta altas temperaturas. Por ser um açúcar natural, seu resultado em doces é muito bom. Com ele se faz caldas caramelizadas, sorvetes, compotas, bolos, etc.
ADOÇANTES ARTIFICIAIS
São aditivos alimentares industriais com poder de dulçor muito superior ao açúcar e com pouca ou nenhuma caloria. Podem ser utilizados também para proporcionar textura e corpo à formulação de produtos como geleias, chocolates, gelatinas e barras de cereais
Veja os principais
SACARINA/CICLAMATO
A sacarina é um composto orgânico derivado do petróleo. O dulçor é 300 vezes maior do que o do açúcar mas tem residual amargo e metálico dificultando a aceitação. (Dziezak, 1986, Bakal, 1987). É absorvida lentamente e de forma incompleta, não é metabolizada e é rapidamente excretada através da urina. (Fernandez, 1990; Person, 2001). Mas atravessa a placenta, por isso seu uso está contra indicado em gestantes.
A descoberta do ciclamato foi em 1937. È um produto sintético obtido a partir da sulfonação da ciclohexilamina. É 30 a 50 vezes mais doce que a sacarose, estável a ampla faixa de pH e temperatura. Nos adoçantes de mesa sempre está associado a sacarina. 40% do ciclamato ingerido é absorvido no intestino e excretado na urina. A porção restante é metabolizada no TGI a ciclohexilamina (CHA). (Fernandez, 1990). A toxicidade deste metabólito é maior do que a do ciclamato (Shibamoto e Bjeldanes, 1993), pelo efeito de atrofia testicular em ratos (Toledo, 1996).
Como a sacarina e o ciclamato tem efeito sinergético, isto é, quando combinados tem um poder adoçante maior, normalmente são encontrados juntos, e são os mais usados na área da culinária dietética, pois permitem variações em todos os tipos de preparação, suportando receitas de forno e fogão, sem alterar-se. Hipertensos cuidado pois contém sódio na sua formulação.
ASPARTAME
Este adoçante é composto por dois aminoácidos: ácido aspártico e fenilalanina. Por causa deste procedimento em laboratório denominamos o Aspartame como um adoçante artificial. Não pode ser utilizado em presença de altas temperaturas pois perde o sabor doce ao ser levado ao forno e fogão. Permitido para diabéticos. Possui sabor próximo ao do açúcar e residual pouco intenso. Não pode ser consumido por portadores de fenilcetonúria, doença genética rara decorrente da incapacidade do organismo de metabolizar o aminoácido fenilalanina. É detectada pelo teste do Pèzinho, após 48 horas da primeira mamada do recém-nascido. É cerca de 200 vezes mais doce do que o açúcar.
SUCRALOSE
É um composto derivado da cana de açúcar. Origina-se na troca de 3 átomos de hidroxila por 3 átomos de cloro. Tem poder adoçante 600 vezes maior que o açúcar. Não deixa sabor residual. 1 colher de sopa do adoçante tem 1,2 g e 4 calorias e a de açúcar tem 20g e 80 calorias. É excretada na forma não metabolizada e não confere calorias, uma vez que as ligações carbono-cloro são estáveis e não são quebradas durante o metabolismo. É uma molécula lipofóbica por isso não se acumula nos tecidos gordurosos. (Stamp, 1990). Uma dúvida frequente surge sobre a presença do cloro na molécula de sucralose, porque existem compostos contendo cloro, chamados de hidrocarbonetos clorados, que são altamente tóxicos. A sucralose é diferente destes compostos, pois não é desclorada, ou seja, não libera átomos de cloro no organismo.
E o Açúcar Light ou Magro? É uma mistura do açúcar comum (sacarose) com adoçante (edulcorante), e adoça duas vezes mais do que o açúcar normal. Mas em excesso, pode não dar o efeito esperado principalmente na redução de peso. E diabéticos não podem consumir. Normalmente o adoçante utilizado é a Sacarina/Ciclamato.
E agora, qual o melhor?
Na verdade, não existe o melhor. O fato é que a Obesidade e Diabetes vem crescendo de forma galopante. E a constatação disso é que o açúcar comum pode ser o resultado do consumo excessivo e prolongado.
Então é compreensível a necessidade da busca do consumo de alimentos e bebidas com menos calorias. Mas a teoria de que se pode substituir o açúcar por adoçante em grandes quantidades também não é certa pois normalmente por considerá-los “saudáveis”, existe um consumo excessivo que pode trazer consequências até com ganho de peso pois as pessoas substituem este alimento mas exageram no consumo de outros carboidratos como pães, massas e bolos. Veja por exemplo as pessoas que consomem café com adoçante ou refrigerantes dietéticos o dia todo e que podem trazer problemas assim como açúcar.
Então o aviso é: Moderação em todos as situações.
Muitos estudos mostram efeitos maléficos dos vários adoçantes. Com exceção de alguns erros inatos do metabolismo, as evidências sugerem que se consumidos com moderação eles não são fator de risco forte de doenças, desde que aliados a uma alimentação balanceada e saudável. Também é importante lembrar que antes da aprovação de um aditivo alimentar, os órgãos reguladores determinam uma Ingestão Diária Aceitável (IDA), que representa a quantidade segura que se pode consumir deste produto, por dia, durante toda vida. Portanto leia sempre o rótulo de seu adoçante para saber até quanto você pode consumir. Mas pode ser que depois de ler tudo isso, você prefira consumir o açúcar comum com muita moderação e só ocasionalmente. Ou opte pelos adoçantes naturais que apresentamos por serem mais naturais. Enfim, aguardem mais notícias. Eu tenho uma predileção pelos naturais mas isto é assunto para outro post. Aguardem.
Caso você tenha mais interesse em adoçantes naturais, já temos um artigo explicando um pouco mais sobre! Clique aqui e vá direto para o post.
Referências:
BESSA GUERRA T. Adoçantes e Doenças Crônicas: Revisão da Literatura. Cadernos de Estudos e Pesquisas / Vol.23, N˚49 (Jun 2019) – Ciências da Saúde / Issn 2179-1562
RIBEIRO, T. R.; PIROLLA, N. F. F.; NASCIMENTO-JÚNIOR, N. M. Adoçantes Artificiais e Naturais: Propriedades Químicas e Biológicas, Processos de Produção e Potenciais Efeitos Nocivos. Rev. Virtual Quim., 2020, 12 (5), 00-00. Data de publicação na Web: 18 de Agosto de 2020.